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Por que a educação, mesmo beirando a falência, ainda é um bom negócio?





Como podemos ter a pretensão de querer ensinar se nem ao menos sabemos aprender de forma efetiva?

Falamos muito da educação no Brasil, pois sabemos que temos muitos problemas por aqui, no entanto, vemos claramente que praticamente no mundo todo existe a mesma preocupação com relação a aprendizagem. 

Em minhas atividades com EAD, venho, ao longo de mais de 17 anos, acumulando informações que, por todo esse tempo, fico fazendo intermináveis conexões em cima dos dados colhidos principalmente em relação às pessoas que fazem a educação.
É impressionante perceber como as pessoas estão ficando cada vez mais afastadas dos pensamentos associativos lógicos, deixando-se levar apenas pelo imediatismo, pela necessidade de querer apenas mostrar um resultado rápido, sem que para isso exista um processo de busca pelo conhecimento de forma mais realista, organizado e crítico.

O maior erro que, 99% das instituições de ensino, estão cometendo é o de não conhecer a natureza humana.
Participo de muitas reuniões, trabalho com diferentes atividades todos os dias, assim, tenho contato com diversos "protocolos" de pensamentos. É interessante perceber que seja qual for a formação dos profissionais de áreas distintas, algumas atitudes e pensamentos são básicos, principalmente se as bases são similares. Isso é uma lógica, bem sei, mas o que chama a atenção é ver que por mais bem preparadas que estejam, elas acabam sendo seduzidas pelas facilidades, isto é, pela vontade de mostrar resultados rápidos de forma a se livrarem de "problemas".

É mais fácil aceitar o mundo que nos é mostrado do que realmente buscar ver a realidade.
A hipervalorização dos papeis, e aqui estou me referindo aos documentos legais que dizem que somos capacitados para os exercícios de funções exigidas pelo mercado de trabalho; a cada ano que passa fica ainda mais e mais evidente a necessidade de se possuir essa "qualificação".
As empresas buscam por profissionais cada vez mais especializados comprovadamente, não com trabalhos executados, mas com os certificados emitidos (especialistas,mestres,doutores...).

Quando comecei a trabalhar com desenvolvimento web, fui convidado a fazer parte de um projeto de criação do núcleo de ensino à distância de uma instituição de ensino.

Tive muita sorte, pois a pessoa que fez o convite, não é o tipo de recrutador que valoriza certificados, ele buscava, e ainda hoje trabalha da mesma forma, por pessoas que realmente sejam capazes de executar seus trabalhos, independentemente de "papeis" que possam certificá-los.

Não me lembro de nenhuma entrevista, por ele feita, na qual fosse sequer perguntado sobre alguma certificação.

Seu método de entrevista sempre foi muito interessante por que ele apenas perguntava aos candidatos coisas do tipo:
De zero a dez, que nota você dá para seus conhecimento em "blá blá blá"?

As respostas em geral sempre eram notas iguais ou superiores a 8.

Diante dos resultados dessas auto-avaliações os candidatos se tornavam parte da equipe, e consequentemente recebiam suas "tarefas".


Cerca de 20 a 30 dias após iniciadas suas atividades, um belo dia Dr. Pablo C.S.N, o meu amigo recrutador, entrava na sala como sempre sorrindo, sentava-se ao lado no novo membro da equipe e dizia:

Vamos ver como você está se saindo?

Como está a tarefa que passei para você executar?.


" - Bem, na verdade, não consegui produzir muita coisa...

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.."
Pablo - Porque?
" - é que na faculdade tive apenas 1 semestre desta disciplina e...."
Pablo - Entendo!

De forma geral os resultados dessas conversas culminavam na dispensa dessas pessoas, pois não haviam conseguido realizar seus trabalhos conforme solicitado, baseados nas perguntas iniciais.

Está percebendo onde quero chegar?

Hoje possuir títulos de especialistas, já não são mais um bom diferencial para as instituições de ensino, se não temos um certificado de Mestrado ou Doutorado estamos praticamente fora do mercado de trabalho.
E é ai que percebemos porque tantos erros estão acontecendo com relação a educação.

Nunca vi, como nos dias atuais, uma evasão de tamanha magnitude como estamos percebendo agora. Isso em grande parte é resultado de uma manipulação de ideias e conceitos que de certa forma obriga as instituições de ensino a agirem da forma como estão, a leis de educação estão levando as escolas ao fracasso.

Historicamente sabemos que não interessa às pessoas que estão no poder que as pessoas saibam raciocinar, basta que sejam apenas agentes que executam tarefas sem a necessidade de saber bem o que esta fazendo.
Se seus conhecimentos não são capazes de realizar seus trabalhos como deveriam, a capacitação de verdade passou a ser algo irrelevante, pois seus certificados dão credibilidade às suas palavras. O pior é ver que essas pessoas acreditam que sabem o que deveriam saber mas que  na verdade não sabem.
Resultado, baixo aproveitamento, e evasão.

Uma evasão que se alastra por todos os lados, pois por mais ignorantes que as pessoas sejam, elas tem no minimo uma capacidade relativa para perceber quando estão sendo enganadas.

Hoje em dia é difícil não encontrar alguém que diz, ironicamente, ter ido ao médicos e que foi diagnosticado como portador de uma virose. Ou seja, nada além do que ela já sabia, e por isso foi se consultar.
Já há quem evite passar por túneis, andar de avião, ir á médicos, contratar um advogado etc.

Os jovens não são idiotas como muitos querem crer, eles estão percebendo essa "movimentação" acontecendo, e com um pouco de raciocínio  lógico, que nos é natural, percebem que estudar é só uma questão de passar de ano e ou concluir um curso. 

"No Brasil as escolas vem enfrentando um grande problema, o número crescente de evasão escolar.
Por vários motivos os estudantes estão perdendo o interesse e abandonando os estudos.
A falta de condições financeiras que está levando-os a trabalhar e deixar a escola, a falta de incentivo de alguns professores e a repetição nas aulas. "


Relatos, como o mencionado acima, estão se tornando cada vez mais comuns, no entanto, por mais que eu tenha lido textos como estes, percebo que as discussões sobre o tema, que tentam buscar formas de resolver, não passam da mesmice de sempre, ajustar a pedagogia, modificar o projeto político pedagógico etc.
Ou seja, os resultados não serão os desejados, pois as equipes permanecem as mesmas e portanto as estruturas de pensamentos também.
O que mais me espanta é ver que até as instituições de ensino com fins lucrativos, empresas de educação, seguem o mesmo padrão e acabam por acumularem prejuízo financeiros gigantescos, simplesmente ou por que seguem as ditas normas acadêmicas ou por economia mesmo, o desejo do lucro alto associado ao baixo investimento.

A cerca de um ano, visitei o núcleo de Educação a Distância de uma das maiores faculdades particulares de Fortaleza, para minha surpresa, ao conversar com o coordenador, este me relatou que o NEAD da instituição era composto por 3 pessoas, ele e dois tutores.

"Alice no país das Maravilhas", é claro que você conhece essa obra literária, assim como também é claro sobre a analogia que se tem feito com a Educação.


Um faz de conta onde tudo é lindo e maravilhoso, só que não!


De um lados estão as instituições de ensino fazendo de conta que estão realmente transferindo conhecimentos, e de outro lado, os alunos fazendo de conta que aprenderam conseguindo seus importantes "papéis".
Em seguida, no mercado de trabalho, o empregador faz de conta que paga o certo aos profissionais certificados, estes fazem de conta que trabalham e seus clientes se obrigam a engolir por que não tem outra forma.
Resultado, todos insatisfeitos e conformados com a situação, que como disse anteriormente, imposta por interesses das pessoas que tem o poder nas mãos.


O que realmente me causa uma curiosidade é o fato das empresas que ganham com educação, não se darem conta de que apenas como uma pequena mudança nas regras de seleção de pessoal, seus lucros podem dar uma virada incrível.


Podemos perceber claramente isso quando focamos nossa atenção ao ensino a distância, a chamada EAD.
O ensino a distância virou uma febre mundial que tem movimentado bilhões de dólares anualmente.
Hoje quase todas instituições de ensino já adotaram em suas atividades essa modalidade de ensino, no entanto mais de 90% delas ainda não sabe fazer EAD como deveriam. Despejam conteúdos e mais conteúdos sem nenhum critério, textos mal trabalhados, vídeos sem sentido algum, com alguém falando como em sala de aula.

Fazer EAD não é simplesmente usar tecnologias e mais tecnologias, fazer EAD é saber como usar tais recursos de forma eficiente, para que os alunos verdadeiramente aprendam algo de valor para suas vidas profissionais.


Os resultados mostram isso claramente, a 17 anos atrás, o índice de evasão de cursos na modalidade EAD era de cerca de 30%, embora aceito como normal, sempre foi tema de discussão, já que não é uma porcentagem pequena.
Em recentes pesquisas que tenho feito, percebo que a situação ficou ainda pior, hoje fala-se em 40 a 55% de evasão dos cursos a distância.
Resultados como estes são, para mim, sinal de fracasso completo do trabalho de "uma equipe educacional", que diante da realidade tenta tirar de suas costas a responsabilidade dos resultado culpando os alunos.

O que concluímos desta pequena reflexão é que todos os envolvidos com educação, na realidade, não aprenderam a aprender de forma efetiva, caso contrário os resultados seriam outros.
Ter em suas equipes, profissionais com os conhecimentos necessários, por maior que sejam os investimentos, irão produzir o resultado que fará do seu "negócio educacional" uma referência para todos os outros.


Não seja um seguidor do tipo "Maria vai com as outras", siga quem realmente sabe o que tem que ser feito e consequentemente você será uma referência na área!

Ai você me pergunta, diante de todo o exposto, como podemos crer que a educação ainda é um bom negócio?

A resposta é simples, veja quantos cursos são comercializados na internet todos os dias, cursos feitos por muitos que não sabem fazer, para pessoas que não sabem aprender e nem querem. Em outras palavras, um verdadeiro comércio de certificações sem responsabilidades.
Tenho certeza que se houvessem leis que, caso um profissional certificado cometesse um erro bizarro em sua profissão, as instituições que o certificaram fossem, em parte, responsabilizadas, essa situação mudaria radicalmente. Enquanto isso não acontece, as vendas continuarão até que o mercado de trabalho comece a recusar esses "profissionais", o que de certa forma, será uma sentença de morte para as instituições que os certificaram. 

Você bem sabe como é a imprensa, quando um incidente grave aparece, como  um viaduto que caiu e matou algumas pessoas por imperícia profissional, o engenheiro responsável fica exposto de tal forma que a sua escola formadora acaba aparecendo de uma forma ou de outra.

 

.

Meu amigo Pablo é:

Doutor em Educação pela UFC na linha de avaliação, Mestre em Administração pela UFC na linha de Sistemas de Informação, Especialista em Computação pela UFC e UFPb, Graduado em computação pela Universidade Federal do Ceará. Áreas de pesquisa: Medidas educacionais, Sistemas de Informação, TICs, Gerencia de Projetos, bancos de dados.

Uma mente brilhante, um visionário que sai do lugar comum, além é claro,  uma das pessoas mais bem humoradas que conheço.

Tags:                
Source: http://www.owpoga.com
post by: Oliveira M.J.N
Cirurgião Dentista, Especialista em EAD, Desenvolvedor web, Analista em Saúde/Tecnologia e Inovação.
Dec:15:2018:[07:37:38 PM]


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