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INOVAÇÃO NO BRASIL: Passando o Carro à Frente dos Bois
Os movimentos de inovação no Brasil parecem seguir um fluxo que, muitas vezes, não faz sentido. Ano passado, fui selecionado em dois editais de inovação. No entanto, decidi não dar sequência a nenhum deles. O motivo? Simples: não quis seguir a "carruagem".
O que significa seguir a carruagem?
No contexto da inovação, "seguir a carruagem" é aderir cegamente a metodologias que algumas instituições e especialistas acreditam ser a trilha definitiva para a criação de soluções inovadoras. Essas trilhas, frequentemente, são engessadas, cheias de exigências burocráticas e desconexas da realidade de quem realmente inova.
Ao longo de anos, acumulei ideias e projetos. Sempre que os apresentei a pessoas ou instituições que, em teoria, poderiam viabilizá-los, a resposta foi quase unânime: "Você é meio louco, né?". Essa frase, dita com um misto de incredulidade e condescendência, vinha acompanhada de duas perguntas padrão:
- "Qual a comprovação científica de que isso é necessário?"
- "Você já testou para ver se dá certo?"
Vamos esclarecer: no meu entendimento, soluções nascem de problemas. Exceto, talvez, no caso da invenção da roda, onde a solução parece ter surgido antes de sua aplicação a problemas concretos. Mas, no mundo real, inovação é o resultado de identificar uma dor, um gargalo, e criar algo que o resolva. Exigir comprovações científicas ou protótipos prontos antes mesmo de apoiar uma ideia é, no mínimo, contraditório.
O bloqueio institucional à inovação
As instituições públicas e privadas que se dizem promotoras da inovação frequentemente funcionam como verdadeiros sistemas de bloqueio. Editais de fomento à inovação impõem barreiras quase intransponíveis: exigem pesquisas científicas prévias, validações acadêmicas ou, pior, que o proponente já tenha uma startup consolidada, muitas vezes com faturamento expressivo.
Como se a inovação dependesse de um CNPJ ou de um balanço financeiro robusto.
Por conhecer bem esse processo burocrático, sei que criar um Produto Mínimo Viável (MVP) digital pode ser um grande diferencial. Eu mesmo desenvolvi cerca de 11 MVPs, incluindo aplicativos que integram o sistema Owpoga – uma plataforma que propõe uma metodologia educacional inovadora, baseada em interesses. Além de um sistema complexo de proposta educacional, o Owpoga conta com um ambiente virtual de aprendizado. Todo esse trabalho, que admito ser bastante complexo, corre o risco de se perder sem investimentos. E não falo de pequenas quantias: inovação de verdade exige recursos significativos.
Gamificação de fachada e ideias engavetadas
Outro ponto que me frustra é a forma como o termo "gamificação" é usado de maneira superficial. Muitas pessoas e empresas falam sobre gamificação, mas, na prática, o que fazem é adicionar elementos triviais, como caça-palavras ou quizzes simplistas, que de jogo não têm nada. Gamificação de verdade envolve criar experiências envolventes e significativas, algo que meus projetos buscam, mas que exige apoio para sair do papel.
Atualmente, tenho mais de uma centena de ideias aguardando investimentos. São propostas que poderiam transformar a educação, a saúde e até a forma como interagimos com a tecnologia. Mas aqui entra a contradição dos editais: se eu preciso ter minha própria empresa para viabilizar essas ideias, e se para isso preciso de dinheiro, por que depender de editais? Essa lógica circular é um entrave que sufoca os verdadeiros inovadores.
Um chamado por uma inovação verdadeira
A inovação no Brasil precisa de uma revolução. Precisamos de instituições que apostem em pessoas, não em processos. Que valorizem a intuição do inventor tanto quanto a validação do pesquisador. Que entendam que nem toda grande ideia nasce com um paper acadêmico ou um MVP pronto para o mercado.
É hora de parar de passar o carro à frente dos bois. Se queremos um país inovador, precisamos criar pontes, não barreiras. Devemos abrir espaço para os "loucos" – aqueles que, como eu, acreditam que uma boa ideia pode mudar o mundo, mesmo sem um selo de aprovação prévio. E, acima de tudo, precisamos de editais que busquem talentos, não empresas prontas.
E você, já se sentiu bloqueado por um sistema que diz promover a inovação? Compartilhe sua história nos comentários do blog em www.owpoga.com. Vamos construir, juntos, um novo caminho para a inovação no Brasil.
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Depois falam que o brasilero precisa ser estudado; o que precisamos de verdade é apoio e reconhecimento.
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Source: owpoga.com,
post by: Oliveira M.J.N
Cirurgião Dentista, Especialista em EAD, Desenvolvedor web, Analista em Saúde/Tecnologia e Inovação.
Apr:21:2025:[08:53:35 AM]